Páginas

Eu com os outros

Se há algo de que gosto realmente é que as pessoas que fazem parte da minha caminhem comigo, lado a lado, não só porque é muito melhor ir descobrindo o futuro em simultâneo, mas também porque permite que me dêem a mão quando preciso e que eu lhes dê a minha quando elas precisam.
Caminhar assim dá-nos também a liberdade de olhar apenas em frente quando precisamos de nos concentrar em nós próprios, ou seja, sem ninguém a interferir.
Não gosto que andem à minha frente, e muito menos atrás ; dificulta o olhar nos olhos, pode até ser perigoso, porque quem olha para trás deixa de ver o que tem à frente.


"Todo o ser humano é um texto que deve ser lido". Percebo agora que quando encaramos uma pessoa, tal como acontece com os livros, da qual, num primeiro contacto, apreciamos, o nosso comportamento para com essa pessoa. Contudo, é necessário ir mais além, nunca confiar totalmente nas sinopses. Pessoalmente prefiro começar logo a “lêr”.
No entanto, esta segunda leitura nem sempre é fiel ao conteúdo. Há sempre algo mais: figuras de estilo, simbologias, linguagem subentendida e muitas reticências ocultadas. Interpretar esse texto humano é o que me fascina. Saber, por exemplo, que o que a pessoa diz não reflete, necessariamente, o que ela sente e que o que ela mostra, os sentimentos, são resultado de reações incríveis, excitação de um dos órgãos dos sentidos. É preciso entender muito mais do que o significado das palavras para ler o texto apresentado pelo ser humano, uma vez que página a página folheamos as pessoas, algumas marcadamos com marca-páginas, outras deixamos para ler melhor posteriormente, outras ainda nos dão sono… Posto isto, podemos, então, dizer, verdadeira leitura consiste em ser capaz de lêr nas entrelinhas.